Na 16ª cúpula do BRICS, realizada em Kazan, Rússia, de 22 a 24 de outubro de 2024, foi revelado o BRICS PAY. Trata-se de um sistema de pagamento digital criado para reduzir a dependência do dólar nas transações comerciais entre os países do bloco. A iniciativa busca aumentar a soberania financeira das nações emergentes e diminuir a influência de instituições como o FMI e o Banco Mundial.
O BRICS PAY foi apresentado como resposta às sanções impostas à Rússia e outros membros do bloco, especialmente após a guerra na Ucrânia. Ele permite transações multilaterais sem passar pelo sistema financeiro ocidental, utilizando moedas locais e tecnologia de contabilidade distribuída (DLT). Isso acelera e reduz o custo das operações financeiras, eliminando intermediários tradicionais. Segundo o governo russo, o BRICS PAY protegerá os países de sanções econômicas externas, em especial as lideradas pelos Estados Unidos
Impacto no dólar
O novo sistema de pagamentos pode abalar o domínio do dólar americano, que atualmente é usado em mais de 50% das transações internacionais. Se o BRICS PAY for amplamente adotado, especialmente com a inclusão de novos membros, como Irã e Emirados Árabes Unidos, o papel do dólar pode diminuir, dando lugar a moedas emergentes no comércio global
O impacto no Bitcoin
A criação do BRICS PAY também pode influenciar o mercado de criptomoedas, particularmente o Bitcoin. Com os países do BRICS buscando alternativas ao sistema financeiro tradicional, o Bitcoin pode se tornar uma opção atraente para preservar valor e realizar transações internacionais. O Bitcoin, por ser descentralizado e imune a sanções, está alinhado com os interesses do bloco. Além disso, o uso de tecnologias descentralizadas, como o BRICS PAY, pode estimular a adoção de criptomoedas no comércio global.
O BRICS PAY pode tanto competir quanto complementar o Bitcoin, dependendo de como a aceitação e regulamentação dessas tecnologias evoluirão.
Sobre o BRICS
O BRICS é um grupo econômico formado por cinco grandes economias emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Fundado em 2006, o bloco tem como objetivo promover a cooperação econômica, política e social entre seus membros, buscando alternativas ao modelo financeiro ocidental liderado pelos Estados Unidos. Na cúpula de 2024, realizada em Kazan, novos membros como Venezuela, Irã, Emirados Árabes e Arábia Saudita foram convidados a integrar discussões, ampliando a influência do grupo.
A presença de países como Venezuela e Irã, ambos sujeitos a sanções internacionais, gerou controvérsia, especialmente em relação ao Brasil. Críticos argumentam que a participação brasileira em um bloco alinhado a nações vistas como antidemocráticas ou com históricos de violações de direitos humanos pode prejudicar a imagem do país. No entanto, o governo brasileiro defende que a cooperação com esses países tem caráter estritamente econômico, visando fortalecer o comércio e promover o desenvolvimento dos membros do BRICS.