A proposta de tributação apresentada pela vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, tem gerado um intenso debate, especialmente no que diz respeito à taxação dos chamados “ganhos não realizados” (unrealized gains). Essa proposta, além de incluir aumentos nas alíquotas de impostos sobre ganhos de capital e imposto corporativo, introduz uma nova abordagem fiscal que tem levantado preocupações significativas entre economistas e investidores.
Detalhes da Proposta de Kamala Harris
De acordo com a proposta apresentada, as principais mudanças tributárias incluem:
- Imposto Corporativo: A alíquota do imposto corporativo, que atualmente é de 21%, seria aumentada para 28%. Este aumento visa elevar a arrecadação fiscal vinda das grandes empresas, com o objetivo de financiar programas sociais e infraestrutura.
- Imposto sobre Ganhos de Capital: A proposta sugere um aumento substancial na alíquota de imposto sobre ganhos de capital, que passaria de 20% para 44,6%. Essa medida afetaria principalmente os investidores de alta renda, que são os que mais lucram com a venda de ações e outros ativos.
- Imposto sobre Ganhos Não Realizados: A parte mais controversa da proposta é a introdução de um imposto de 25% sobre os ganhos não realizados. Esse imposto seria aplicado sobre o aumento de valor de ativos como ações, mesmo que o investidor ainda não tenha vendido esses ativos e, portanto, não tenha realizado o lucro. Atualmente, esse tipo de ganho não é tributado.
O Que São Ganhos Não Realizados?
Ganhos não realizados referem-se ao aumento no valor de um ativo que um investidor possui, mas ainda não vendeu. Por exemplo, se um investidor comprou ações de uma empresa por US$ 75 cada e, ao final do ano, essas ações subiram para US$ 350, o ganho de US$ 275 por ação é considerado um ganho não realizado, pois o investidor ainda não vendeu as ações e, portanto, não recebeu esse lucro.
Pela proposta de Kamala Harris, o investidor teria que pagar 25% de imposto sobre esse ganho não realizado, mesmo sem ter vendido as ações. Usando o exemplo anterior, o investidor teria que pagar US$ 6.875 em impostos sobre um ganho de US$ 27,5 mil, mesmo que ele não tenha vendido as ações e, consequentemente, não tenha recebido esse dinheiro.
Críticas e Consequências Potenciais
Essa proposta de taxação tem sido amplamente criticada. Um dos principais argumentos contrários é que ela poderia desencorajar o investimento em ações, já que os investidores poderiam ser forçados a pagar impostos sobre lucros que ainda não foram concretizados e que, no futuro, podem nem existir mais se o valor das ações cair. Por exemplo, se o valor das ações eventualmente diminuir, o investidor pode acabar com uma perda financeira, mas já teria pago impostos sobre um ganho que não se materializou.
Críticos argumentam que, embora a proposta inicial vise apenas investidores com ganhos acima de US$ 100 milhões, existe o temor de que esse limite possa ser reduzido no futuro, ampliando a base de contribuintes afetados por essa nova taxação. Isso poderia levar a uma diminuição no apetite por investimentos, afetando negativamente o mercado de ações e a economia como um todo.
Outra preocupação é que essa proposta possa resultar em menor capital disponível para as empresas investirem em novos produtos e desenvolvimento de tecnologia, o que poderia, por sua vez, levar a uma desaceleração econômica e a perda de empregos.
Conclusão
As propostas fiscais de Kamala Harris, especialmente a nova taxação sobre ganhos não realizados, representam uma mudança significativa na política tributária dos Estados Unidos e têm o potencial de impactar profundamente o mercado financeiro e a economia do país. Enquanto os defensores acreditam que essas medidas são necessárias para aumentar a justiça fiscal e arrecadar mais recursos para o governo, os críticos temem que os efeitos negativos possam superar os benefícios, resultando em um enfraquecimento do mercado de ações e da economia como um todo.
A discussão sobre a melhor forma de tributar ganhos de capital e garantir um sistema fiscal justo e eficiente continua sendo um tema central nos debates econômicos e políticos dos Estados Unidos.